"Ai que preguiça..."

[...] Mas cair-nos-iam as faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. [...] Mas si de tal desprezível língua se utilizam na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua de Camões! [...]" (ANDRADE; 1993. p. 66.)

sábado, 20 de novembro de 2010

A avaliação da redação

A redação há muito tem seu foco voltado para o vestibular. Um decreto de 1978 instituiu a redação nos vestibulares do país, fazendo com que a prova se tornasse obrigatória para poder ingressar nas faculdades e universidades brasileiras. O intuito dessa medida era tentar melhorar o ensino de língua portuguesa, pois nos anos de 1970 os meios de comunicação alegavam que o ensino da redação nas escolas era precário. O problema é que muito tempo se passou desde a medida e tanto o ensino quanto as produções de redação são insatisfatórios.
A problemática do ensino de redação nas escolas, principalmente nas escolas públicas do Brasil, apresentam vários entraves para uma melhora significativa na produção textual de seus alunos. Com relação a isso, Jussara Hoffmann diz, citando Graves (1981), que "dentre os fatores que contribuem para a má qualidade das redações dos estudantes" estão "o ensino voltado para a gramática ou ligado a unidades gramaticais e a maior importância à forma e estrutura do que a propósitos e sentidos do texto produzido pelo aluno". De fato, dá-se ênfase nas salas de aulas ao ensino de gramática normativa e pouco se trabalha o texto como uma produção de sentido, esquecendo-se que para se dar sentido ao texto vários fatores atravessam o caminho estabelecido tanto pelo leitor quanto pelo autor.
A avaliação da qualidade da redação do aluno é algo que também preocupa Jussara Huffmann. Primeiro a ela preocupa a complexidade do termo "qualidade": considera importante "evitar simplificações abusivas", "reconhecer expressamente a multidimensionalidade do conceito" e "a validade dos critérios explicitados versus as necessidades educativas de estudantes e instituições". Essa multidimenssionalidade de Huffmann consiste na sensibilidade do avaliador em perceber e levar em consideração aspectos tais como os objetivos educacionais, o contexto dos estudantes (social e cultural) e da escola (comunidade a qual está inserida).
O professor, portanto, para fazer uma avaliação mais adequada da redação pode se utilizar de uma avaliação que contribua para a formação de escritores capazes de todos os recursos possíveis na elaboração de um texto, que se valham de recursos linguísticos e extralinguísticos. O docente deve utilizar o momento da correção da redação para contruir conhecimentos e não com o objetivo de classificar, pois esse tipo de medida pode ocasionar a inibição do aluno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HOFFMANN, Jussara. Avaliando redações: da escola ao vestibular. Porto Alegre: Mediação, 2002.

domingo, 14 de novembro de 2010

Conceitos de gramática

       Durante muito tempo a escola passou para nós uma concepção de gramática prescritiva, na qual é feita uma análise da língua com base nas produções escritas dos autores consagrados, quer dizer, a gramática normativa, aquela trabalhada na escola, reúne frases extraídas das grandes obras e descreve prescrevendo, ditando regras, as estruturas estudadas.
     A partir da primeira metade do século XIX, tem início uma nova corrente gramatical: a histórico-comparativa. Esta tinha por objetivo estudar o passado das línguas, comparando elementos gramaticais de mais de uma língua no intuito de encontrar um língua que tivesse dado origem às outras.
Ferdinand de Saussure
      Em 1916 é publicado o "Curso de Linguística Geral" , obra póstuma cuja autoria é dedicada a Ferdinand de Saussure, dá-se início a uma nova corrente nos estudos da linguagem. A gramática estrutural, de cunho saussuriano, tema por base as dicotomias propostas por Saussure em seu curso de linguística, principalmente a dicotomia língua/fala ou langue/parole. Sassure postula que o linguista deve se prender ao estudo da langue, porque para ele a língua é um sistema homogêneo de signos no qual cada signo tem valor em oposição a outros signos. Pelo estruturalismo, o estudioso deveria descrever o sistema de uma determinada língua sincronicamente, isto é, em oposição ao passado, estudando-a em sua atualidade. Vale salientar que a gramática estrutural traz consigo uma ideia de regra diferente daquela adotada pela gramática normativa, para aquela, a regra é uma generalidade. Deixa-se de lado a concepção do certo e do errado que tanto norteou a gramática prescritiva.
      Noam Chomsky, na década de 50, traz para os estudos linguísticos, com a publicação de "Estruturas Sintáticas", as noções de competência e desempenho. Para Chomsky, o linguísta estudará a competência, que é um conjunto finito de regras instalado neurobiologicamente. A gramática gerativa, originária da corrente chomskiana, busca estudar estruturas universais, ou seja, estruturas que façam parte dos sistemas de todas as línguas, com isso ela tenta estabelecer uma gramática universal (GU).
      E por final, há a gramática cognitivo-funcional, que pretende trabalhar aquilo deixado de lado por Saussure e Chomsky, a fala (parole para Saussure e desempenho para Chomsky). Essa concepção de gramática postula que não se pode estudar língua separada da fala, além de se voltar para estudar o sujeito. O sistema linguístico é condicionado pela situação comunicativa, quer dizer que uma determinada maneira de se organizar uma estrutura pode ser de um jeito em uma situação e de outro numa diferente, assim como também pode depender das intenções do sujeito.

sábado, 13 de novembro de 2010

III Simpósio de Hipertexto

          No dias 2 e 3 de dezembro ocorre o III Simpósio de Hipertexto, no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. A inscrições começaram em julho e vão até o dia 15 de novembro, podendo ser realizadas pelo site do Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional da UFPE.
           A conferência de abertura, cujo título é "Do hipertexto opaco ao hipertexto transparente", será feita pelo filósofo francês Pierre Lévy.